quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Conheça um pouco mais sobre a Guerra das Rosas

Já ouviu falar da Guerra das Rosas? Não, não tem nada a ver com o Cavaleiro das Rosas do Game of Thrones. A Guerra das Rosas foi uma série de conflitos dinásticos pela sucessão do Trono da Inglaterra entre 1455 e 1aeufort485, entre as dinastias de York e de Lencastre.

A Inglaterra pré-Guerra das Rosas era uma Inglaterra prejudicada por mais de um século de conflitos com a França, no que ficou conhecido como a Guerra dos Cem Anos. Uma série de problemas sociais e econômicos, somado a um reinado fraco de Henrique VI afundou o reinado novamente em mais conflitos.



A disputa pelo controle do Conselho Real, muitos anos antes do início dos conflitos (já que Henrique VI ainda era menor), entre Edmundo Beaufort da Casa de Lencaster e Ricardo Plantageneta da Casa de York, daria o pontapé para a série de conflitos que causaria esta guerra civil.

Ricardo era pretendente ao trono e esperou que Henrique VI, para assumir ao trono, mas com o nascimento de um herdeiro as suas aspirações tiveram que mudar, ele teria que tomar o poder à força se o quisesse. Reuniu uma liga de Barões e exigiram a demissão de um membro do Conselho.O Rei não atendeu e reuniu um exército para eliminar a ameaça, Ricardo e sua liga reuniram também seus soldados e eles se encontraram em uma batalha que resultou em 300 mortos e muitos feridos. Esse conflito deu o início a Guerra das Rosas e Ricardo da Casa de York foi o vencedor da primeira disputa. Quatro anos mais tarde ele seria derrotado e fugiria para a Irlanda. Mas esse nome "Guerra das Rosas" de onde veio? O nome foi atribuído após a série de conflitos pela historiografia do tema, e se deu ao fato dos símbolos das duas casas serem rosas, uma rosa branca para a Casa York e uma rosa vermelha para a Casa de Lancaster(veja na imagem abaixo).


Eduardo IV assumiu o trono após Henrique VI, porém seu desleixo para com seus aliados fariam com que eles mudassem de lado, o que resultaria na sua derrota em 1469. Em 1470 Eduardo IV seria deposto e Henrique VI voltaria novamente ao trono. Em Abril de 1471 haveria outra reviravolta e Eduardo IV venceria uma nova disputa, com o apoio de seu irmão e voltaria novamente ao trono inglês. Em uma tentativa de encerrar essa disputa para sempre Eduardo IV mandaria matar Henrique VI e seu filho.

A manobra do Rei foi bem sucedida por um período, os conflitos ficaram estagnados até 1483, quando ele morreria. O rei deixara dois filhos, do qual o mais velho com 12 anos Eduardo V era o aspirante ao trono. Porém ele seria afastado pelo seu tio, que assumiria o trono como Ricardo III. Tudo teria fim com o retorno de Henrique Tudor, que havia fugido ainda adolescente, à  Inglaterra, com o apoio da Casa de Lancaster, ele reunira um exército de cinco mil homens e poria fim ao longo período de disputas e assumiria o trono em 1485 como Henrique VII.



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Ninjas, os temidos espiões e assassinos japoneses

Hoje em dia o ninja faz parte do imaginário popular da cultura de quase qualquer país do mundo. Extremamente divulgado na mídia através de revistas, filmes, desenhos, seriados e livros. Mas qual é a verdade e qual é o mito dos ninjas, os temidos assassinos?

A documentação sobre o tema é bastante escassa. Uma boa parte do conhecimento acerca deles vem de contos populares e outras formas do folclore japonês. Eram muito reservados e realmente quase "secretos" e "invisíveis". Outra boa parte do que sabemos sobre ele foi transmitido pela tradição oral através do ensinamento do Ninjutsu (arte ninja, arte marcial utilizada por eles) moderno.



Acredita-se que eles tenham começado a aparecer por volta do século XIV no Japão. Eram treinados desde a infância com o único propósito de se tornarem o espião e assassino perfeitos. Seu treinamento incluía técnicas de camuflagem, combate, assassinato, infiltração e espionagem.

Não foi à toa que esses temidos guerreiros caíram nas graças populares e se envolveram em um forte mito que dizia que eles podiam controlar elementos da natureza, andar sobre as águas e até mesmo voar. Isso não é de todo mentira, é apenas um exagero. Ninjas eram treinados para saltarem grandes distâncias e de forma acrobática, como o parkour moderno faz), escalarem e se esconder entre árvores, era comum também eles se moverem pelas águas pisando em superfícies, plantas e qualquer objeto sobre águas dando passos muito rápidos e leves, adquiridos com anos de intenso treinamento.



Os ninjas eram divididos em clãs, pequenas tribos constituídos basicamente por família e amigos muito próximo e agregados dessas, os quais baseavam sua economia em vender os seus serviços e incluía também uma pequena agricultura para subsistência. O treinamento diário fazia parte de suas atividades e venda de seus serviços era o produto final.

Mas qual era a utilidade e o papel dos ninjas num mundo aonde existia os renomados samurais? O papel deles era fazer justamento o que os samurais não faziam. Samurais eram guerreiros disciplinados que viviam e agiam seguido um método de conduta (outro dia farei um post sobre eles), já os ninjas não agiam pelo Bushidou (o caminho do guerreiro). Ninjas eram contratados para a espionagem do território inimigo e do próprio inimigo, missões de assassinato e sabotagem. Verdadeiros mercenários, como ainda existem muitos tipos hoje e ainda são usados em larga escala.



Ou seja ninja nada mais eram do que, a grosso modo falando, agentes da CIA ou da extinta KGB, só que no Japão. Alguns soldados japoneses tiveram treinamento ninja durante a Segunda Guerra Mundial e também foram utilizados como espiões durante o conflito.

A parte mito dos ninjas faz parte do imaginário popular, como dito antes, não só japonês mas de quase todo globo e foi popularizado por obras como mangas e anime Basilisk, Naruto, entre outros, pelo tokusatsu (efeito especial em japonês, como ficou conhecido no ocidente os seriados japoneses), Jiraiya e filmes, incluindo filmes americanos como Ninja Assassino, American Ninja entre outros. Jogos de video-game também fazem parte do imaginário com jogos como Tenchu, Onimusa e muitos outros.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A importância da mulher na Revolução Francesa

A mulher francesa teve um papel muito importante na Revolução Francesa, com participação extremamente ativa, tanto na a queda da bastilha quanto na invasão do Palácio e em muitos outros momentos. Infelizmente a mulher teve seu papel quase que apagado na historiografia sobre o assunto, vindo apenas recentemente  que acaba receber atenção, quanto durante a própria Revolução que vetou os seus direitos, o que criará um movimento de busca por sues direitos que acabará por eclodir no feminismo do século XX.

Com o machismo que reinava no século XVIII a participação das mulheres foi vetada na política durante o período revolucionário, mas isso não as impediu de participar nas tribunas aberta ao público. Pauline Léon apresentaria em 1792 uma petição assinada por trezentas mulheres para
que elas integrassem a Guarda Nacional, que foi vetada. Seu direito ao voto também viria a ser vetado.



Um dos momentos mais emblemáticos da participação feminina na Revolução, foi quando um grupo de mulheres, em 5 de Outubro de 1789 se reuniria na frente da prefeitura protestando pela falta de pão, que na época era o principal alimento do povo francês. Logo a multidão marcharia em direção ao Palácio de Versalhes empunhando lança e revólveres. A grande massa era formada pelas poissardes, as peixeiras dos mercados centrais. Eram mulheres mais robustas, estavam acostumadas a carregar caixotes pesados e levavam consigo enormes facas para descamar peixes. Com certeza não era o tipo ideal de mulher para se mexer. A notícia da aproximação da multidão logo chegou ao Palácio e os aterrorizou e começaram a temer por suas vidas, com razão. Luís XVI viria a acatar a decisão da Assembléia sobre a nova forma de governo, mas a essa altura já não era mais suficiente. Pela manhã, aquele movimento iniciado pelas mulheres já somava vinte mil pessoas na porta do Palácio e exigiam que o Rei se mudasse para Paris, para que saísse de seu isolamento. A decisão do Rei demoraria a sair, o que enfureceria ainda mais o povo francês. Notamos aqui que esse grande passo importante da Revolução Francesa fora iniciado por mulheres.



Como dito, a demora da resposta do Rei sobre sua mudança pra Paris demorou tanto, que o povo não mais se conteve, a mulheres invadiu o Palácio de Versalhes dispostas a matar a Rainha, que era odiada pelo povo francês. A fúria delas foi tão grande que elas mataram, empalaram e decapitaram os guardas do Palácio.Estavam dispostas a fazer o mesmo e ainda pior com ela. Momentos antes Maria Antonieta conseguiria sair de seu quarto e ir para o de Luís XVI pouco antes da chegada delas, que destruiriam a cama da Rainha. Só então eles perceberam que não havia outro jeito, deveriam se mudar para Paris, ou seriam massacrados alí mesmo. Notamos aqui então que um dos passos mais importantes da Revolução Francesa foi dado por mulheres.

Em muitos outros pontos a participação feminina fora importante na Revolução, mas obviamente falar de todos eles deixaria esse texto extremamente grande, que não é o objetivo do site, o objetivo aqui é fazer textos curtos e objetivos, por mais que eu me estenda demais às vezes. Mas pelo pouco escrito aqui, dá para ter uma pequena ideia da  sua importância.


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Agogê: De meninos à guerreiros espartanos

Todo mundo que assistiu ao filme 300, ou aos que leram a HQ tem uma boa ideia do que era a Agogê: o processo que transformava os meninos espartanos nos guerreiros mais temidos da Europa na antiguidade. O nome e as façanhas dos espartanos ecoaram por todo o mundo antigo.

O processo de criação do soldado espartano começava já no nascimento, quando membros da Gerúsia, membros do conselho dos anciões, examinavam a criança em busca de imperfeições, caso fosse encontrada alguma, esse bebê era abandonado na apothetae e deixado pra morrer. Caso a criança fosse aprovada, ao atingir os 7 anos ela era entregue ao paidónomos, o magistrado responsável pela educação dos jovens soldados.



A agogê era dividida em três etapas à grosso modo: paidedes (que eram as crianças entre 7 e 17 anos), paidískoi (entre 17 e 19 anos) e a última fase hēbōntes (dos 19 até os 21 anos). Algumas fontes indicam mais subdivisões, mas para simplificar usa-se essas três. As crianças espartanas eram criadas para se tornarem soldados, daí todo o seu poderio militar.

Enquanto estavam na agogê as crianças participavam de "duas divisões", vamos colocar assim pra simplificar. Uma era a buai, e era feita com jovens de idades semelhantes, já a outra chamada de ilae e era composta com jovens de idades diversas, desde os mais jovens até os mais velhos. Eles eram treinados não só militarmente, mas eram criados para se virem como parentes, no entanto que chamavam os mais velhos de"pai", Agogê em grego clássico significa "dependência". Podemos entender melhor isso vendo as falanges espartanas, aonde ao aglomerados o escudo de um protegia o outro. Eram treinados para um ser todos e todos serem um. Essa é uma boa parte do segredo espartano.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Segregação racial em local improvável

Uma das coisas mais inacreditáveis da história da humanidade, pra mim, foi algo que aconteceu na África do Sul no século passado. E vou dizer porque acho inacreditável em três motivos simples. Segregação racial na África do Sul. É errado em tantos níveis diferentes que é difícil até saber por onde começar. Mas vamos aos três motivos: Primeiramente, por haver uma segregação racial, segundo por ser imposta aos negros pelos brancos e terceiro por isso ter acontecido na própria África.

O regime de segregação racial que ocorreu na África do Sul entre 1948 e 1994 ficou conhecido como Apartheid, que traduzido do africâner significa separação. Claro, já havia uma segregação racial lá desde o regime colonial, mas em 1948 o apartheid foi tomado como medida oficial do governo. Isso chocaria o mundo.



O apartheid contaria com medidas como: banheiro pra brancos, banheiros pra negros, bebedouros, bairros, locais nos ônibus e muitas outras coisas. Isso provocaria uma reação por parte de países estrangeiros que envolveria o país em um grande embargo. Nesse mesmo dia de hoje, em 1962 seria aprovada na ONU a Resolução 1761 que estabeleceria sanções militares e econômicas no país.

A Resolução 1761 no entanto não teve o peso que os países membros da ONU quiseram, pois  havia maneiras de burlá-lo, países como Irã, que forneceu o petróleo, Angola, Moçambique, Malauí, continuaram o comércio com o país. A África do Sul também viria a confeccionar sua própria indústria bélica, devido as suas riquezas naturais.


O fim do apartheid viria mais com as próprias pressões internas do que necessariamente externas, não as excluindo obviamente. Em 1990 começariam as negociações para a acabar com o apartheid, o que levaria o país as eleições multirraciais que elegeria Nelson Mandela presidente e ao fim oficial do regime.

Como sabemos, o fim do apartheid não foi o fim da discriminação racial, a qual ainda hoje podemos presenciar diariamente, não só na África, mas em todo o mundo. Não é necessário nem você sair de casa, basta algumas vezes olhar pela janela da sua casa.


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Lembrai, lembrai o 5 de Novembro

Um tema pouco conhecido fora da Inglaterra antes do lançamento do quadrinho V de Vingança e posteriormente do filme, foi a conspiração da pólvora, hoje ele é um assunto bem conhecido. O artigo de hoje é sobre ele, que hoje completa 409 anos.

O objetivo da conspiração da pólvora era muito simples: explodir a Câmara dos Lordes, que é a câmara alta do parlamento inglês composta por membros do alto clero da igreja anglicana e nobreza. Mas por que eles queriam explodi-la? Muito simples: eles queriam matar o rei Jaime I, que era à favor da Igreja Anglicana, enquanto os conspiradores eram católicos.



Vamos um pouco de background pra entender tudo isso: Nesse período a Inglaterra já havia rompido com a Igreja Católica e a Igreja Anglicana era a responsável pelo cristianismo no país. O Rei Jaime I se recusava a ceder direitos iguais para os católicos. O estopim para essa conspiração foi quando a filha de Jaime I, a Princesa Isabel (não a nossa obviamente) de apenas 9 anos, fora nomeada para chefe de estado católica.

Os conspiradores eram:  Robert WinterChristopher WrightThomas PercyJohn WrightAmbrose RokewoodRobert Keyes, Sir Everard DigbyFrancis Tresham e Thomas Bates Ué, mas e o famigerado Guy Fawkes? Ora, ele era o responsável pelos explosivos.


Foram colocados 36 barris de pólvoras embaixo do Parlamento, preparados para explodir. Para que inocentes e defensores da causa católica não fossem feito vítimas da explosão, enviaram diversos avisos para que eles ficassem longe do local, um desses avisos chegou aos ouvidos do Rei por uma denúncia anônima. Guy Fawkes foi pego em flagrante, preso e torturado, assim revelaria o nome dos outros conspiradores, que mesmo fugidos foram pegos ou mortos já na tentativa, os sobreviventes foram condenados à morte.



No quadrinho e filme V de Vingança, o protagonista usa uma máscara de Guy Fawkes e tem como objetivo também explodir o Parlamento e derrubar a ditadura que fora instaurada na Inglaterra. Apesar de motivações e até objetivos diferentes, o símbolo era o mesmo. A máscara de Guy Fawkes e sua figura também foi tomada pelo grupo de hackers Anonymous e também nas manifestações aqui no Brasil em 2013.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

A participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial

Por mais inacreditável que possa parecer muitos brasileiros não sabem que o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial, alguns que sabem ainda acham que participou ao lado da Alemanha, mas isso é assunto para outro dia. O de hoje é sobre uma participação ainda menos conhecida: a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial.

Nesse ano de 2014 completou-se o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, no dia 28 de Julho. Como o blog não existia nesse período ainda, mas o assunto é de extrema importância, decidi dedicar o dia de hoje para esse assunto.


O Brasil inicialmente não participou da Primeira Guerra, manteve uma posição neutra ratificada na Convenção de Haia, mas isso iria mudar mais tarde. O país escolheu manter-se neutro principalmente para que o seu comércio com o mercado externo não se restringisse, principalmente a exportação de café, que era o seu principal produto na época.

Durante os primeiros anos de guerra o país não sofreria nenhum tipo de ataque, exceto o afundamento do navio Rio Branco, que estava em águas restritas, à serviço inglês e com a maior parte de sua tripulação sendo norueguesa, portanto nada poderia ser feito à respeito. Esse ataque ocorreu em 3 de maio de 1916.

Como visto anteriormente o Brasil baseava seu comércio exterior no café, quase que exclusivamente. E durante esse período, com o café sendo considerado um "produto supérfluo", teve o seu mercado severamente restringido, o que causaria uma crise econômica e social por aqui. Em 1917 com o bloqueio alemão e com a proibição da importação de café pela Inglaterra, essa crise só viria a se acentuar.

À partir daí as coisas só foram ladeira abaixo. Em 5 de maio de 1917, um submarino alemão torpedearia o vapor brasileiro Paraná, que navegava perto da França e sob as exigências feitas a países neutros. Esse ataque culminou em duas coisas: a morte de três brasileiros e a revolta do povo.



Quando essa notícia estourou por aqui, houveram várias manifestações populares, que culminaram na renúncia do ministro das relações exteriores,  Lauro Müller, que tinha origem alemã. Em Porto Alegre alguns estabelecimentos de nome alemão, que tinham alemães ou descendentes como proprietários, foram atacados e até queimados pela revolta popular. Isso se repetiu também no Rio de Janeiro, na cidade de Petrópolis e logo isso se espalharia pelo resto

Em 11 de Abril de 1917 o Brasil romperia relações diplomáticas com a bloco germânico. Em 20 de Maio  navio Tijuca também seria torpedeado por submarinos alemães perto da França. Em seguida o Brasil apreenderia 42 navios alemães e os adicionaria a sua frota.Em 27 de julho submarinos alemães atacariam outro navio brasileiro, o Lapa. Em 18 de outubro eles atacariam outro navio mercante, chamado Macau.

 Não dava mais pra ignorar a situação. As coisas estavam caminhando rápido para um conflito direto. Em 26 de Outubro de 1917 o Brasil declararia oficialmente guerra à aliança germânica. As primeiras medidas foram abrir os portos brasileiros às nações aliadas e começar o patrulhamento do Atântico Sul.

Em seguida a  Divisão Naval em Operações de Guerra acabou sendo incorporada à brigada britânica. O governo brasileiro também enviou uma divisão médica para a Europa, oficiais para se juntar ao exército francês e aviadores para se juntar à Força Aérea Real da Inglaterra, assim como enviou uma parte de sua esquadra para combater os submarinos germânicos.

A participação brasileira na guerra, como podemos ver, foi tardia e também não foi muito grande, mas foi o único país da América Latina a participar e foi uma participação importante que não pode ser diminuída de jeito nenhum. O objetivo desse post não é explicar os pormenores da participação brasileira, mas apenas dar um panorama geral de como foi que ela aconteceu. E também é um  apelo para que conheçamos melhor a nossa história.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O que é uma Ditadura?

De uma semana pra cá o Brasil tem presenciado uma das coisas mais grotescas da sua história do país: uma democracia pedindo por uma ditadura, mesmo o país já tendo passado por duas. Primeiro foi a ditadura varguista e mais tarde a ditadura militar, que acabou tão recentemente que assusta que tenham pedido pelo seu retorno.

Esses dias eu tenho me perguntado o que tem se ensinado sobre história nos colégios para que uma coisa assim tenha acontecido. Por mais que a manifestação não tenha levado nem 3 mil pessoas nas ruas, o que devido as circunstâncias já é um absurdo, o manifesto nas redes sociais foi muito maior, e as coisas podem continuar piorando e caminhar para uma catástrofe.


Mas o que é essa tal de ditadura que o povo brasileiro parece não ter ideia do que é? Um governo democrático sem o seu poder igualmente dividido entre o executivo, o legislativo e o judiciário. O que acontece numa ditadura é que o poder se concentra no executivo, que suplanta os outros dois.  "Tá, mas e daí?" vai se perguntar a pessoa que não sabe o que isso significa. Um poder executivo mais forte significa, basicamente, que o governo faz com você, com seus bens, com o estado e com todo o resto, tudo o que ele quiser independente de uma lei ou qualquer outra coisa. Quer dizer que ele não precisa te julgar ou aplicar qualquer forma de justiça que não a dele sobre você. Quer dizer que ele pode confiscar teus bens e te mandar pra um campo de concentração se ele quiser. Que ele pode te prender e te mandar, torturar e matar na cadeia se ele quiser. Isso sem contar o total controle da imprensa, sua censura e o fim da sua liberdade de expressão que alguns estão reclamando, quando o fato deles estarem reclamando disso provam que eles a tem,

Quando uma criança ou adolescente alemão começa aprender o que foi a sua ditadura, o nazismo, eles não sentem orgulho do grande poder que a Alemanha teve na época, ele sente vergonha, porque eles ensinam os pormenores do que aconteceu durante esse período. A vergonha que eles sentem é gigantesca. Na verdade é tão grande que até recentemente eles não conseguiam nem se sentirem nacionalistas, nem sequer podiam deixar de sentir vergonha ao balançar a bandeira de seu país na copa.



Mas por que isso não acontece no Brasil também? Bem, vamos tentar entender. Creio que basicamente seja por esses dois motivos: o nosso sistema educacional e porque nossas ditaduras não foram tão terríveis quanto o nazismo, mas isso nem de perto quer dizer que elas tenham sido remotamente boas.

A primeira ditadura que o Brasil teve foi entre os anos de 1937 até 1945 entrou para a historiografia com o nome de Estado Novo, no qual o nosso ditador foi Getúlio Vargas. No ano de 37 o Brasil esperava por suas eleições quando Vargas apresentou o Plano Cohen, um plano falso que indicava que o comunismo queria tomar o poder no país, e para garantir que isso não acontecesse Vargas surge como nosso salvador e implanta a sua ditadura.

Ah, e como é que foi essa ditadura aí? Se ela foi tão ruim porque ele e considerado por muitos o melhor presidente da história do país? Logo de cara Vargas tomou essas medidas: fim de todos os partidos, fechamento do Congresso Nacional e tomou todo o poder executivo somente para si. Implantou um sistema de propaganda tão forte que fez seu nome ecoar tão forte até hoje pela nossa história, o programa de rádio A Voz do Brasil que temos hoje foi uma de suas criações que ajudaram com isso. Foi marcada por cassações, tentativas de assassinato e prisões. Incluindo campos de concentração.

Ué, campos de concentração no Brasil? Sim. Não eram tão cruéis quanto os nazistas, já que o Brasil se aliou aos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, sim o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial e tem muita gente que não sabe e alguns ainda acham que foi ao lado da Alemanha. Os campos de concentração do Brasil foram feitos de prisões arbitrárias de pessoas residentes no Brasil proveniente de países do Eixo (Alemaha, Itália e Japão) e seus descendentes.


Em 1964, sobre o mesmo pretexto de nos proteger de um golpe comunista, outro golpe de Estado, dessa vez implantado pelos militares, esses mesmo que algumas pessoas tão chamando de volta, mergulhou o país em mais de duas décadas de ditadura e só não foi pior do que foi pela lembrança recente do nazismo e pela sua proximidade com os Estados Unidos.

O regime militar do Brasil foi um dos mais violentos da história. O povo foi reprimido, preso, torturado, assassinado e exilado. Sua liberdade de expressão não existia e se consubstanciou pela máxima "Brasil: Ame-o ou deixe-o", vivo ou morto e esse fator não dependia da sua vontade. Falou mal do governo igual o povo tá falando agora e indo às ruas pedir impeachment? Solução simples do governo que tão pedindo: eles te espancam, te prendem, te torturam e te matam ou te exilam do país. Nas manifestações de 2013 o povo foi espancado? Foi, mas não foi algo nem de perto comparado ao que houve nos Anos de Chumbo, nomezinho simpático pelo qual o regime militar braileiro ficou conhecido.



Sabem as notícias que você lê sobre corrupção, julgamento de políticos, acusações, algumas infundadas, aquela capinha linda da Veja sobre o escândalo da Petrobrás? Isso jamais aconteceria na ditadura militar. "Por que na ditadura não teria nada disso, né?". Não, muito pelo contrário, teria e você além de não nunca saber sobre isso, jamais seria julgado ou investigado. E se você escrevesse algo sobre isso, além do seu artigo nem chegar perto de ser publicado, você teria o mesmo fim de Vladmir Herzog: